27/06/2014

A peça do mês comentada - Máscara Dembo (Angola) Nº E 6882

No dia 21 de Junho, no Museu Nacional de Arqueologia, no âmbito do programa “Peça do mês comentada”, foi palco de uma interessante exposição, efetuada por Manuela Cantinho Investigadora da Sociedade de Geografia de Lisboa, acerca da Máscara Dembo atualmente presente na exposição temporária “Africa Reencontrada: o ritual e o sagrado em duas coleções públicas portuguesas”.


Incluída no acervo do Museu Nacional de Arqueologia, a Máscara Dembo (Angola) Nº E 6882 foi recolhida durante uma campanha militar portuguesa em 1913, ao dembado (região controlada por um Dembo=Chefe) de Cacula Cahenda, localizado a norte de Luanda. Nesta ação militar foram apreendidos muitos objetos, que foram oferecidos ao Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa. A ficha de inventário do MNA apenas apresenta o nome do doador (Carlos Maia Pinto) que teria transmitido a José Leite de Vasconcelos a informação ali conservada “Máscara dos Dembos, Caculo Cahenda).





Na mesa, apresentando a conferencista Manuela Cantinho, António Carvalho, acompanhado por Ana Isabel Santos co-comissárias da exposição.
Segundo a investigação de Manuela Cantinho foi possível concluir que a máscara teria integrado o espólio recolhido pelo alferes David Magno, no forte de Santo António de Cacula Cahenda, que comandou a referida campanha militar de 1913.
Segundo Manuela Cantinho, este artefacto apresenta uma série de características muito raras. Destaca-se o facto de ser dos poucos exemplares que ainda exibem pintura (em meados do século XX apenas eram referidos em testemunhos orais) e de conservar ainda um fragmento de vidro espelhado numa das aberturas para os olhos. Esta particularidade, presente em estatuetas Ncongo, é até ao momento, única em máscaras faciais.




Pelas suas especificidades é possível que fosse uma máscara de um adivinho-curandeiro (quilamba), desconhecendo-se no entanto qual o traje que completaria esta máscara bem como a sua forma de utilização/posição.




A preleção sobre este artefacto terminou em plena exposição, uma cooperação MNA/IICT, comissariada por Ana Isabel Santos e Ana Cristina Martins, onde puderam ainda ser apreciados alguns pormenores e complementada a apresentação com algumas observações, numa viva troca de ideias entre os participantes deste evento.



Apresentação de livros pelo Campo Arqueológico de Mértola

Teve lugar, no Salão Nobre do Museu Nacional de Arqueologia, no dia 21 de Junho de 2014, pelas 17h00, a apresentação dos livros "Casa Romana - Museu de Mértola", "Arrabalde Ribeirinho - Museu de Mértola", "Carta Arqueológica do Concelho de Mértola" e "Mértola nos nossos cadernos", títulos editados pelo Campo Arqueológico de Mértola.



Na abertura da sessão, António Carvalho, Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, realçou, em breves palavras, a importância das boas relações entre as duas instituições, que recentemente tem permitido realizar no MNA várias iniciativas. O enquadramento da dinâmica editorial no projecto em curso em Mértola esteve a cargo de Cláudio Torres, Diretor do Campo Arqueológico, que fez uma súmula dos trabalhos desenvolvidos pelo CAM ao longo dos seus 36 anos de história, e de Virgílio Lopes, Susana Gomez Martinez e Nádia Torres, autores e colaboradores dos livros apresentados, e que fizeram uma apresentação sumária do conteúdo dos mesmos. 




Catálogo dos materiais romanos recolhidos nas escavações da casa romana, visitável no edifício da Câmara Municipal, “Casa Romana - Museu de Mértola” é complementado com outros materiais de época romana recolhidos em diversas escavações efetuadas na vila, oferecendo-nos uma visão alargada da presença romana em Mértola. Também o livro “Arrabalde Ribeirinho - Museu de Mértola", nos oferece uma visão das populações que habitaram esta área específica da urbe medieval.

Ainda de âmbito arqueológico, a edição da "Carta Arqueológica do Concelho de Mértola" oferece-nos em papel, num formato mais tradicional e manuseável, o levantamento arqueológico do concelho que se iniciou em 1978. O conjunto de registo existente, resultado de investigações diversas, foi alvo de sistematização em 2004, e em 2005 com trabalhos de campo, de prospeção arqueológica, com vista a resultados mais abrangentes. O resultado destes trabalhos encontra-se resumido nesta publicação, que é também uma base de trabalho para estudos futuros. A assistência interessada assistiu ainda à apresentação do livro "Mértola nos nossos cadernos", resultado de síntese de uma série de desenhos recolhidos ao longo dos tempos nesta vila.


Destacou-se a presença, na assistência, entre outros arqueólogos e investigadores, do Historiador e Professor Catedrático já Jubilado António Borges Coelho, que, recorde-se, foi um dos dinamizadores da criação do Campo Arqueológico de Mértola.



Visita da Fundação Thyssen ao MNA

Com sede em Colónia (Alemanha) e fundada a 7 de Julho de 1959, a Fundação Fritz Thyssen é uma empresa privada de organização de apoios para a promoção das Ciências, nomeadamente Ciências Sociais e Humanas, mas também Ciências da Saúde. O Conselho de Curadores e Conselho Científico da Fundação Fritz Thyssen reuniu em Lisboa no passado dia 21 de Junho.

No dia 22 visitaram vários locais de interesse na cidade de Lisboa, incluíndo o Museu Nacional de Arqueologia,  onde foram recebidos pelo Director do Museu, António Carvalho. Acompanharam ainda a visita Thomas Schattner, Carlos Fabião e Amílcar Guerra, investigadores que dirigem o projecto de investigação luso-alemão sobre o Santuário do Endovélico.

Recepção do grupo no Museu nacional de Arqueologia.

Visita à exposição "Tesouros da Arqueologia Portuguesa".


Visita à exposição "Religiões da Lusitânia".

24/06/2014

Peça do mês de Julho

O Museu Nacional de Arqueologia /MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objectos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e coleccionadores.
Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às colecções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.
O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças classificadas como "tesouros nacionais".
Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas colecções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.


PEÇA DO MÊS COMENTADA
Inscrição em honra do imperador Augusto Nº E 6329

A apresentar por José d'Encarnação, em 5 de Julho de 2014, às 15h




Bloco paralelipipédico, de granito moscovítico, com inscrição em honra do imperador Augusto. Foi descoberto por Borges de Figueiredo na Academia de Belas Artes de Lisboa; publicou-o na sua Revista Archeologica e Historica (II 1888 p. 69), com a indicação de que, «pelas informações que pude obter», fora encontrada em Alcácer do Sal. Serviu, seguramente, de lintel na entrada de um templo dedicado ao culto imperial.
A epígrafe reza o seguinte:

IMP(eratori) . CAESARI . DIVI . F(ilio) . AVGVSTO
PONTIFICI . MAXVMO . CO(n)S(uli) . XII
TRIB(unicia) . POTESTADE . XVIIII
VICANVS . BOVTI. F(ilius)
SACRVM
Ao imperador César Augusto, filho do Divino, pontífice máximo, cônsul pela 12ª vez, no 19º poder tribunício - Vicano, filho de Búcio. Consagrado.

Datada do período entre 1 de Julho do ano 5 e 30 de Junho do ano 4 a. C., a epígrafe revela como a figura do imperador foi, desde cedo, acolhida em Salacia envolta em religiosidade: seu pai, César, fora divinizado; como sumo pontífice, ele era o interlucotor privilegiado entre os deuses e o seu povo; e detinha a potestade, o poder nimbado de uma aura mística,,,
E toda essa atmosfera culmina na escolha, como remate, de um vocábulo impregnado de religiosidade: consagrado.
Por outro lado, o facto de o dedicante - porventura o notável indígena de quem partiu a iniciativa da construção - singelamente se identificar através de nomes comuns mais acentua essa fácil penetração da ideologia oficial.
No ano em que se comemora o bimilenário da morte do imperador, oportunamente se realça o valor documental desta epígrafe, nesse âmbito a mais significativa da Lusitânia romana.
José d'Encarnação

Museu Nacional de Arqueologia - Religiões da Lusitânia. Entrada Livre

23/06/2014

Contos Primevos dos Rios Sagrados, em Vila Velha de Ródão

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Vai realizar-se em Vila Velha de Ródão, no próximo mês de Julho, o 1º Encontro Nacional de Contos Indígenas, subordinado ao tema “Contos Primevos dos Rios Sagrados”.

Trata-se de uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão (CMVVR) e do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), contando com o apoio da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, do Centro Português de Geo-História e Pré-História e da Associação de Estudos do Alto Tejo.

A rede de Clubes de Arqueologia do MNA participa activamente através da recolha ou criação de contos, que serão apresentados em Ródão. 

A estes somam-se as recolhas de contos tradicionais portugueses que versam o tema da água, os quais serão estudados e seleccionados para apresentação por parte de contadores especialmente convidados para o efeito.

Dia 12 de Julho, noite de Lua Cheia, terá lugar ao ar livre, junto ao Rio Tejo, uma sessão nocturna de conto de histórias. Todos os participantes, assim como a população em geral, serão convidados a deambular entre o cais do Porto do Tejo e a Capela da Senhora da Alagada, passando pelo sítio paleolítico da Foz do Enxarrique, com paragens mágicas lá onde o apelo da terra fizer brotar a imaginação.No dia 13 de manhã será descerrada a placa toponímica que atribui o nome da “Geração do Tejo” ao largo do cais de embarque no Tejo, sendo também apresentado publicamente o protocolo que reúne o MNA, a CMVVR, a FLUL e a UNIARQ na criação de uma “Escola Internacional de Arqueologia” no sítio da Foz do Enxarrique.

o protocolo de cooperação entre a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) /Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e a Associação Welcome People Arts (AWPA)

No passado dia 30 de Maio foi assinado o protocolo de cooperação entre a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) /Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e a Associação Welcome People Arts (AWPA). 

Este protocolo visa estabelecer uma parceria estratégica entre as duas instituições para o desenvolvimento de atividades de estudo, lúdicas e culturais. Pretende-se que estas atividades explorem uma abordagem interdisciplinar inovadora para o Museu, fomentando, desenvolvendo e organizando atividades de índole cultural, com enfoque na captação de novos públicos, em segmentos já definidos, e na promoção de diálogos interculturais, alargando as perspetivas de análise e reflexão.

Esta abordagem inscrever-se nos princípios e objetivos do projeto europeu EMEE – Eurovision Museums Exhiting Europe, consórcio de oito instituições de sete países, no qual a DGPC/MNA é dos parceiros, designadamente na interação com os designados não públicos e na criação de novos instrumentos de divulgação e valorização do património. 

O Protocolo de Cooperação foi assinado pela Director do MNA, Dr. António Carvalho e pelo Comandante Pedro Miranda de Castro, pela Associação Welcome People Arts (AWPA).






20/06/2014

Lançamento do livro - Na Margem do Grande Rio

No dia 17 de Junho o Museu Nacional de Arqueologia acolheu o lançamento do livro Na Margem do Grande Rio. Os últimos grupos de caçadores-recolectores e as primeiras sociedades camponesas no Guadiana Médio, que contou com a presença Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, Dr. António Carvalho, do Diretor de Bens Culturais da Direção Regional de Cultura Regional de Cultura, Dr. António Carlos Silva e do Diretor da Unidade de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Prof. Doutor Victor dos Santos Gonçalves, também um dos autores deste livro. A apresentação ficou a cargo de Mariana Diniz, os comentários, por parte dos autores, realizados por Ana Catarina Sousa.




A importância deste livro, que apresenta os trabalhos arqueológicos efetuados durante as “campanhas de escavação do Alqueva”, ressalta como único testemunho de importantes sítios atualmente submersos. Na Margem do Grande Rio é não só o “fechar de um ciclo”, nas palavras do coordenador da obra, e de António Carlos Silva, mas também a comprovação de uma nova época na arqueologia portuguesa, pelo que as “campanhas do Alqueva” trouxeram de novo a esta disciplina, segundo Mariana Diniz.




A problematização dos sítios identificados, bem como a colocação de novas hipóteses, que os materiais e vestígios identificados permitiram colocar, foram enfatizadas por uma das autoras Ana Catarina Sousa.




Durante a sessão o Dr. Luís Raposo, Director do Museu Nacional de Arqueologia à data da escavação arqueológica em Xarez 12, recordou ainda os princípios orientadores e a estratégia de intervenção no que concerne à decisão de recuperação e consolidação dos cinco fornos removidos para o Museu.
A assistência interessada assistiu às intervenções e no final da sessão procedeu-se à visita dos fornos provenientes do sítio do Xarez, que se encontram nas reservas do MNA.




17/06/2014

Peça do mês de Junho

O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objectos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e coleccionadores.
Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às colecções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.
O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças classificadas como "tesouros nacionais".
Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas colecções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.


A PEÇA DO MÊS COMENTADA

Máscara Dembo (Angola) Nº E 6882

A apresentar por Manuela Cantinho, em 21 de Junho de 2014 às 15h



O núcleo africano de âmbito etnográfico do MNA, embora modesto em termos quantitativos, integra alguns objectos de extrema importância antropológica.
A chamada "região dos Dembos", situada entre os rios Dande (Danje) e Bengo (Nzenza), sofreu ao longo dos séculos uma evidente influência económica, política e cultural do reino do Congo. Influência identitária que se projectou necessariamente na sua cultura material. Alguns Dembos (chefes) reclamavam a sua ascendência neste reino, prestando-lhe "vassalagem" durantes longos períodos.
Portugal manteve com vários dembados (chefaturas), que constituíam e controlavam esta vasta região a norte de Luanda, relações por vezes bastante tensas. Foi precisamente durante uma campanha militar portuguesa ao dembado de Cacula Cahenda (1913) que a máscara Dembo do MNA foi recolhida. De salientar que na mesma acção punitiva os militares apreenderam outros objectos que viriam a ser oferecidos ao Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa.
A escassa literatura que existe sobre a etnografia dos Dembos das primeiras décadas do século XX refere a existência de máscaras faciais de madeira pintada, utilizadas pelos adivinhos-curandeiros. Cerca de sessenta anos depois, no âmbito dos levantamentos etnográficos realizados na região, já só foi possível obter meros testemunhos orais sobres estes objectos.
Neste sentido, entre as diferentes tipologias de máscaras utilizadas pelos Dembos, esta será aquela que mais curiosidade suscita dadas a sua raridade. Circunstância que nos permite atribuir ao exemplar do MNA um interesse reforçado.

Museu Nacional de Arqueologia - Salão Nobre. Entrada Livre

16/06/2014

19º Ciclo de conferências "ARQUEOLOGIA E ANTROPOLOGIA...Territórios de Fronteira"



"A TERRA SIGILLATA DE UMA VILLA ALGARVIA: O CASO DO VALE DA ARRANCADA (PORTIMÃO)"
Catarina Viegas (UNIARQ/FL-UL)


O sítio do Vale da Arrancada (Portimão) corresponde a uma villa cuja primeira referência se deve a Leite de Vasconcellos, ainda em 1918. Voltamos a ter notícia deste sítio já na década de 80 do mesmo século, quando a autarquia de Portimão promoveu obras de construção de um bairro social. Nessa ocasião foram colocadas a descoberto diversas estruturas, uma cisterna e um mosaico. Os materiais que agora se apresentam resultam das escavações de emergência que tiveram lugar no local, primeiro sob a direcção de O. Caeiro e, posteriormente, por R. Parreira, particularmente os que são originários da cisterna romana. Este espólio encontra-se depositado no Museu de Portimão, tendo sido já apresentados recentemente os resultados do estudo das ânforas lusitanas (C. Fabião, C. Viegas e V. Freitas), estando previsto o estudo do restante conjunto anfórico e da cerâmica comum.

Nesta conferência iremos apresentar o contributo do estudo da terra sigillata para o conhecimento da evolução do consumo neste sítio do território algarvio. As produções alto imperiais encontram-se escassamente representadas (terra sigillata sudgálica e hispânica), sendo o conjunto dominado por fabricos que se integram na antiguidade tardia (sigillata clara D, DSP e foceense tardia). Além de analisar a distribuição cronológica da terra sigillata, será dado particular destaque à comparação com os restantes sítios algarvios, tendo em vista a sua integração nos circuitos de comercialização que terão existido no sul da Lusitânia e na vizinha Bética.



ENTRE TÚMULOS E COVACHOS, AS PRÁTICAS FUNERÁRIAS DURANTE A IDADE DO FERRO NAS NECRÓPOLES DA ATAFONA E DA ABÓBADA (ALMODÔVAR)
Samuel Melro (Projeto Estela; DRALEN)
Padro Barros (Projecto Estela;DGPC)
David Gonçalves (Projecto Estela;CIAS;LARC/CIBIO/InBIO)

No decorrer da sua investigação, focada na sistematização da informação sobre a escrita do Sudoeste, o Projecto Estela tem contribuído de forma relevante para um melhor conhecimento das populações da Idade do Ferro do sudoeste peninsular. Exemplo disso é o retrato, ainda em construção, das suas práticas funerárias. A presente comunicação tem como objectivos apresentar os resultados obtidos da escavação e análise dos achados descobertos nas necrópoles da Abóbada e da Atafona, assim como discutir as suas implicações para o nosso conceito da diversidade das práticas funerárias destas populações.-

Convite


O Diretor-Geral do Património Cultural, o Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, o Diretor do Campo Arqueológico de Mértola e a Coordenadora do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto têm a honra de convidar V. Ex.ª para a apresentação dos livros "Casa Romana - Museu de Mértola", "Arrabalde Ribeirinho - Museu de Mértola", "Carta Arqueológica do Concelho de Mértola" e "Mértola nos nossos cadernos", que terá lugar no Museu Nacional de Arqueologia, no dia 21 de Junho de 2014 pelas 17h00.

Convite


O Diretor-Geral do Património Cultural, o Diretor do Museu nacional de Arqueologia, o Diretor Regional de Cultura - Alentejo, a Presidente do Conselho de Administração da EDIA e o Diretor da Unidade de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa convidam para a apresentação pública do livro Na Margem do Grande Rio. Os últimos grupos de caçadores-recoletores e as primeiras sociedades camponesas no Guadiana Médio, de Victor S. Gonçalves, Gregor Marchand e Ana Catarina Sousa, e com a colaboração de João Luís Cardoso, Ana Maria Silva, Eugénia Cunha, Mariana Igreja e António Alfarroba, o qual terá lugar no Museu Nacional de Arqueologia, dia 17 de Junho de 2014, pelas 18h00.
A apresentação do livro ficará a cargo de Mariana Diniz. Os comentários, por parte dos autores, serão realizados por Ana Catrina Sousa.


No final da sessão será visitada a reserva do Museu Nacional de Arqueologia para apreciar os fornos de Xarez em depósito

07/06/2014

Número de visitantes do MNA em crescimento




É preciso remontar a Agosto de 2011 para encontrar um mês em que o número de visitantes do Museu Nacional de Arqueologia tenha ultrapassado a fasquia dos 10.000 visitantes. Aliás é necessário recuar a 2009 para encontrar um ciclo em que ocorresse o número de 10.000 visitantes mais do que uma vez no ano.

Em Maio de 2014 voltou felizmente a acontecer: 10.136 entradas.

No passado mês de Abril, já tínhamos praticamente atingido essa marca, pelo que se esperava que em Maio esse número fosse superado, visto que há sempre uma maior afluência de visitantes ao Museu neste mês, atraídos pela "Noite dos Museus" e pela celebração do "Dia Internacional dos Museus".

Depois de uma queda do número total de visitantes em 2009, que se acentuou até 2011, a audiência do MNA tem vindo a crescer de forma paulatina, mas sustentada, desde 2012, naturalmente resultado do actual aumento do turismo em Lisboa que aflui em grande número "à grande sala de recepções da cidade de Lisboa", qualificada pelos equioamentos culturais que se situam no perímetro das Praças do Império e Afonso de Albuquerque, mas também certamente como consequencia do interesse que no público nacional têm despertado as novas exposições já inauguradas em 2014 no Museu, com destaque para "O Tempo Resgatado ao Mar", "África Reencontrada: o ritual e o sagrado em duas colecções públicas portuguesas" e "Frei Manuel do Cenáculo: fundador do primeiro museu português".

Se este número se voltar a repetir ao longo dos restantes meses de 2014, podemos aproximar-nos de um total anual que todos desejamos atingir e mesmo ultrapassar - os 100.000 visitantes - regressando assim a valores globais que não se repetiram desde os primeiros anos do século XXI.

Até ao final de 2014 está agendado um programa vasto e variado de iniciativas de modo a garantir que possamos voltar a registar mais ocorrências semelhantes.

Contamos com todos.

05/06/2014

4ª Sessão do Ciclo de Recitais da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras



No próximo dia 22 de Junho, pelas 17h00 realiza-se no Salão Nobre do Museu Nacional de Arqueologia, a 4ª sessão do Ciclo de Concertos da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras.

Entrada 5€

Jornada de Arqueologia Industrial



Realiza-se no Museu Nacional de Arqueologia, no próximo dia 19 de Junho, a Jornada de Arqueologia Industrial. 
Contamos com a sua presença.

Megalitismo e Sociedades Camponesas da Beira Alta de Leite Vasconcelos à Actualidade



Museu Nacional de Arqueologia
Dia 18 de Junho, 18 horas, Salão Nobre
Entrada Livre

Conferência por João Carlos Senna-Martinez 1


"Na Beira-Alta, minha pátria, andei pelas altas serras de Sátão, entre Vácua e Paiva, e ahi, e nos concelhos de Fornos de Algodores e de Mangualde, explorei umas dezassete orcas ou dólmenes da idade da pedra polida, tendo trazido para o Museu Ethnologico 2 os pecúlios archaicos que desenterrei..."
J.Leite de Vasconcelos, 1987
Religiões da Lusitânia, Lisboa, Imprensa Nacional, Vol I, p. XXVII

Esta frase de José Leite de Vasconcelos na introdução às "Religiões da Lusitânia" resume bem o principal aspecto das intervenções deste investigador no que respeita ao que hoje designaríamos como a Pré-História das Sociedades Camponesas da Beira-Alta, ou seja, a preocupação com o "fenómeno megalítico".

Passam este ano cento e vinte e dois anos sobre a primeira intervenção de campo de Leite de Vasconcelos num monumento megalítico da Beira-Alta, a "Casa da Orca da Cunha Baixa", em Setembro de 1892 3.

Relendo, passado mais de um século, os textos deste investigador, a impressão que nos fica é, face aos condicionalismos da época, de um grande rigor nas observações produzidas. Contudo, a base empírica do que conhecemos da área regional em causa alterou-se profundamente e toda uma série de novos capítulos se abriram e concepções foram revistas.

O que vos propomos é pois uma revisitação dos trabalhos do Mestre de Lisboa actualizada à luz de um século de investigação regional das primeiras sociedades camponesas.


1 Centro de Arqueologia (Uniarq) da Universidade de Lisboa. 1600-214 LISBOA - PORTUGAL
smartinez@fl.ul.pt
2 Hoje Museu Nacional de Arqueologia Dr. José Leite de Vasconcelos
3 Leite de Vasconcelos descreve esta intervenção no Volume I das Religiões da Lusitânia, publicado pela primeira vez em 1897. Deste modo, a referência que faz posteriormente - ao publicar em 1904 os dados completos da intervenção em O Archeologo Português, Vol. IV, p. 303-308 - a uma intervenção em 1902 apenas pode entender-se como uma "gralha tipográfica".