24/07/2015

Dia da Arqueologia no Museu Nacional de Arqueologia





O trabalho de um arqueólogo é apenas uma parte de um longo processo, que não se esgota na investigação em gabinete e no campo, na recuperação, inventariação e estudo de artefactos. Há que também dar a conhecer esses objetos ao público, para que este valorize e entenda o seu passado, através de exposições e outras atividades.
Um dia normal no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa (Portugal), inclui atividades como: inventariação de peças que compõem o seu acervo; apoio a investigadores externos que, no âmbito de projetos universitários, estudam espólio em depósito no museu seja facultando dados dos sítios arqueológicos como disponibilizando o acesso a uma biblioteca especializada; visitas e diversas outras ações promovidas pelo serviço educativo por forma a sensibilizar sobretudo o público escolar; conservação e restauro de artefactos arqueológicos da sua coleção ou de outras instituições.
No entanto, há projetos que são desenvolvidos em parceria com instituições com o mesmo intuito – promover a educação do passado arqueológico – sendo que, grande parte destes projetos passa pela criação e apoio a exposições. Hoje em dia, para além da conceção da exposição há que garantir um plano de atividades associado para conquistar o grande público, onde se inclui um projeto europeu desenvolvido neste Museu com o objetivo de proporcionar aos visitantes uma mudança de perspetiva face aos objetos museológicos e aos museus: Projeto Eurovision: Museums Exhibiting Europe. Esta estratégia aproveita várias efemérides (como esta) para se trabalhar nessa sensibilização e reforçar a identidade das pessoas com o seu património.
Este ano, à entrada do Museu Nacional de Arqueologia, encontra-se uma exposição de rua itinerante sobre as estelas com escrita do Sudoeste e a Idade do Ferro. Esta está concebida para mostrar como este fenómeno resulta de um processo histórico e patrimonial e interagir com o espaço público. Após mais de dois séculos de investigação sobre o tema, a exposição apresenta conteúdos escritos devidamente ilustrados e está organizada para dar a conhecer este período, a escrita do Sudoeste, onde habitavam e como viviam e morriam essas comunidades, os investigadores, os conjuntos de estelas conhecidos. Teve-se o cuidado de produzir um discurso contemporâneo e criativo para fazer a mensagem chegar a mais do que um tipo de visitante, sendo transversal nas faixas etárias, no nível de conhecimento e nos graus de interesse. Assegurou-se ainda que a exposição não tem constrangimentos de acessos e horário, proporcionando ao visitante uma curta duração no tempo de visita. Refira-se ainda que esta é bilingue (português e inglês), permitindo uma compreensão dos conteúdos por visitantes além-fronteiras.
Aqui há ainda lugar para admirar uma abordagem contemporânea do tema pelos artistas plásticos El Menau e Ângela Menezes através da apresentação de uma pintura mural sobre o tema e de uma instalação contemporânea no espaço contíguo à exposição.
Esta mostra resulta de uma colaboração da Câmara Municipal de Loulé com o Projeto ESTELA. Este projeto tem a preocupação de transformar o conhecimento científico adquirido no reforço da identidade das pessoas com o seu património e de criar com esta informação uma paisagem cultural. Nascido em 2008, tem por primeiro objetivo a sistematização da informação das estelas com escrita do Sudoeste, através da caracterização dos contextos, da cultura material e do território dos sítios arqueológicos da serra do Algarve e do Alentejo, contribuindo para a revisão e produção de conhecimento sobre a sociedade que aí habitou, nos meados do 1º milénio a.C..

No dia 24 de julho, com base nesta exposição, o Museu Nacional de Arqueologia, o Projeto ESTELA e o Projeto Eurovision: Museums Exhibiting Europe vão desenvolver diversas atividades, como visitas guiadas, ateliers e oficinas pedagógicas, assim como a apresentação de soluções digitais para, de forma mais interativa, dar a conhecer um dos maiores mistérios e tesouros da arqueologia europeia – a escrita do Sudoeste, a primeira manifestação, bem caracterizada, de escrita da Península Ibérica e uma das mais antigas da Europa e que está, ainda hoje, por decifrar.

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