13/12/2016

Peça do mês de dezembro



O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objetos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, mas também de aquisições, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e colecionadores.

Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às coleções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.

O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de bens culturais classificados como “tesouros nacionais”.

Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas coleções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.



PEÇA DO MÊS COMENTADA
O Relevo de Tróia: o Culto Mitraico e o Solstício de Inverno
17 de dezembro de  2016, às 15h:30
A apresentar por Cátia Mourão e Filomena Barata


Os Homens, desde remotas alturas, tiveram vários cultos dedicados ao Astro Rei, a maior luz do céu visível aos Humanos que rege a Vida e o Tempo, motivo pelo que é, para muitos povos, um dos símbolos mais importantes, sendo até venerado como um Deus ou encarado como manifestação da divindade, entre muitos. 
Dezembro é o mês em que se marca o Solstício de Inverno, que, de algum modo, se comemorava em Roma com as Saturnália, um festival em honra de Saturno, divindade de origem grega. Celebrava-se no dia 17 de Dezembro, mas, ao longo dos tempos, foi estendida a uma semana completa, terminando a 23 de Dezembro.
Também o deus Mitra cujo nascimento era evocado a 25 de Dezembro, tal como veio a acontecer com o Menino Jesus, tinha uma forte relação com o Sol.
Este deus de origem oriental teve grande adesão junto dos soldados romanos, ou seja os legionários, e também entre os funcionários administrativos e comerciantes.
Mitra, ou Mithras, cujo nome significa "Amigo” em Sânscrito e “Contrato” em Persa, era concebido como um deus luminoso que incitava os homens a seguirem o Seu caminho, no combate pela Luz contra as Trevas. A sua Luz representa a síntese da Luz do Sol e da Lua, e o Domingo é o dia dedicado ao seu culto, ou seja, o «Dies Solis». 
No Ocidente, o seu culto acabou por confundir-se com o do «Sol Invictus», ou Sol Invencível, pois verifica-se, em finais do século III, o sincretismo entre a religião de Mitra e outros cultos solares de procedência oriental. 
É em finais dessa centúria, em 274, no reinado de Aureliano, que atribuiu a «Sol Invictus» as suas vitórias no Oriente, que o seu culto se torna religião oficial. O imperador manda edificar, em Roma, um templo dedicado ao deus e foram incumbidos sacerdotes de lhes prestar culto. 
O máximo dirigente deste era o «pontifex solis invicti». 
O mitraísmo manteve-se, contudo, como culto não oficial, havendo quem professasse, ao mesmo tempo, o mitraísmo e a religião do «Sol Invictus».
Quer na cidade romana de Tróia, Grândola, onde muitos autores querem ver a sua representação num baixo-relevo, quer em Beja, quer naturalmente na capital da Província da Lusitânia, a cidade de Augusta Emerita (Mérida) está comprovado o Culto Mitraico, que se expandiu na Hispânia a partir de finais do século II – inícios do século III d. C., a par de outros cultos orientais, tais como de Serápis, Ísis, Cibele-Magna Mater.

Cátia Mourão e Filomena Barata acompanhar-nos-ão neste dia no Museu de Arqueologia e falando-nos do Culto Mitraico.

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