13/01/2017

Sarcófago das vindimas

Sarcófago das Vindimas, Castanheira do Ribatejo. Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa.



«Sarcófago de pequeno tamanho, com as extremidades arredondadas e a forma geral de uma cuba de vinificação (lenós) mostrando a face principal o retrato de uma jovem no interior de um medalhão assente sobre um vaso biansado, donde saem ramos de oliveira, parras e cachos de uvas que vão preencher todo o espaço da face principal e principalmente das laterais. A peça foi concebida para ficar encostada a uma parede, razão pela qual a face oposta ao frontal não mostra qualquer escultura. O busto representa uma menina vestida de um "colobium", uma túnica pregueada, sem mangas, presa aos ombros por duas fíbulas, cabelos em bandós e atados na nuca, olhos com marca da pupila, estando o busto e a pequena peanha em que assenta inseridos num medalhão côncavo que lhe serve de moldura. Entre as ramagens que saem do vaso, ornado de parras, aparecem pequenos cupidos, cestas de vindimas, aves e animais campestres como coelhos, cobras, escorpiões, lagartos, caracóis e gafanhotos. Por cima do medalhão corre uma fieira de pérolas sobrepujada por uma outra de ovas. É evidente o significado báquico ou dionisíaco de toda a composição, relacionado com a felicidade da vida além-túmulo. O sarcófago, um trabalho cuidadoso feito talvez em oficinas do oriente mediterrânico, foi certamente importado com o medalhão por acabar tendo-se no termo da viagem esculpido a efígie da menina depositada no túmulo, o que explicaria também que o retrato se apresente esteticamente menos conseguido que o belo conjunto escultórico envolvente. O penteado da menina e os elementos decorativos, permitem, do ponto de vista técnico e temático, datar de meados do século III d.C. o fabrico da peça. (Segundo ficha do Catálogo de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luís de Matos).

"...Tradicionalmente considerado como uma produção escultórica do oriente mediterrânico, tende-se hoje a procurar a sua filiação numa oficina ocidental, provavelmente itálica". (Segundo ficha de Catálogo da Exposição "Religiões da Lusitânia", da autoria de José Cardim Ribeiro)».

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